Conheça a Clarice Chwartzmann: apresentadora e curadora do De Bem Com a Comida

Aprender a comer é igual a se alfabetizar. Se tivemos acesso a uma experiência ampla e sem frescura, temos mais chance de provar de tudo um pouco e enriquecer nosso paladar, desde a primeira garfada.  E, se comer é aprender, a comida é memória afetiva, lembrança de momentos sempre inesquecíveis e despertar da alma para o carinho e o cuidado. 

Por Juliana Cleto

Aprender a comer é igual a se alfabetizar. Se tivemos acesso a uma experiência ampla e sem frescura, temos mais chance de provar de tudo um pouco e enriquecer nosso paladar, desde a primeira garfada. E, se comer é aprender, a comida é memória afetiva, lembrança de momentos sempre inesquecíveis e despertar da alma para o carinho e o cuidado.

Dito isso, me volto para minha tenra infância no interior do Rio Grande do Sul, em Passo Fundo, uma ilha cercada de verdes por todos os lados, com plantações de soja, milho, trigo e cevada, uma região de agricultores e produtores rurais. Lá pude usufruir da simplicidade e da facilidade de acesso aos alimentos diretos da terra, do pé das árvores, do leite tirado da vaca, dos sabores mais frescos da natureza. E mais ainda, pude usufruir de um quintal com muitas árvores, galinheiro e horta. Cresci rodeada de pés de laranja, ameixa, araticum e bergamota, uma infância que produziu muitas lembranças afetivas onde o alimento e o sabor tinham o sinônimo de amor.

Vinda de família judia, segunda geração no Brasil, meus pais tinham o hábito de fazer praticamente tudo em casa: geleias, compotas, picles, embutidos, vinho e assim vai. Minha mãe na cozinha preparando e cuidando para todos se alimentarem muito bem e meu pai na churrasqueira preparando sempre aquele assado inesquecível feito com amor, sabor e um prazer inesquecível, que posso ver seu sorriso aberto quando via a família “lambendo” o osso da costela, preparada desde cedo. E os dois se revezavam nas delícias na mesa.

Não fui a filha – somos quatro mulheres – que herdou os livros de receitas da mãe. Estes estão com minha irmã mais nova, que com suas filhas, além de preparar, tiram de lá as lembranças que amenizam a saudade a distância deste tempo de infância, que nos alfabetiza para o paladar, o afeto e o cuidado. Comida é isso, é o que alimenta o corpo e a alma e que podemos compartilhar com quem amamos.

E por falar em compartilhar com quem amamos, desde pequena me interessei pela magia do fogo e do Churrasco, pela liberdade de preparo, a simplicidade e rusticidade desta forma de cozinhar e alimentar as pessoas. Ficava fascinada com a alegria, a celebração, os rituais na escolha dos ingredientes e a alquimia que transforma tudo em comida de afeto, em memória de sabor e encontro. E assim, essa arte me acompanhou a vida toda na maturidade da vida, coloquei os dois pés na profissão de ensinar e protagonizar churrascos e encontros ao redor do fogo.

E hoje tenho a alegria de estar à frente, junto com a equipe do Canal Rural, criando esse novo programa todo voltado para a comida, para o ingrediente, dedicada a trazer parceiros, conteúdos, histórias, eventos, um mundão de experiências com a comida, que está tão ligada a plantar e colher, ao Agro e a um Canal que se dedica a valorizar quem produz! No De bem com a comida estaremos juntos, colhendo, preparando e saboreando cada ingrediente e valorizando quem prepara e quem consome. Estamos todos interligados nesta cadeia produtiva do Agro e agora, vamos estar cada vez mais De bem com a comida .

Sejam bem vindos!

Clarice Chwartzmann
Apresentadora e curadora

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